segunda-feira, 6 de julho de 2009

Heart of Gold

Fones nos ouvidos, laptop na mão. O riff de Cinnamon Girl, do Neil Young, soa alto, simples e claro. Assim é o bom e velho rock n roll. Bem vindos ao circo de viagens, riffs, alucinações, solos e concertos memoráveis. Bem vindos aos melhores momentos das nossas vidas. O espírito será este: pessoas diferentes reunidas por um gosto comum. A música. Melhor: o rock.

Porra, mais um blog sobre música? Pode ser, não temos como prometer nem propagandear (essa palavra existe?), porque não é o espírito desse grupo. Aos poucos, espero que todos se acostumem a dividir opiniões, debater discos, e ouvir histórias bizarras desses personagens que resolveram contar ao mundo suas idéias musicais.

Fiz-me roqueiro desde criança. Influência direta do velho, que tinha uma banda de rock em Lucélia, interior de São Paulo, e é um viciado em Beatles. Não em Rolling Stones, só em Beatles (fica pra outra hora, não compartilho dessa ortodoxia..rs). Enfim, as fitas cassetes e vinis davam sopa em casa: Beatles, James Taylor, Crosby Stills & Nash, America, etc. Influência familiar esta que faz com que meu pai detecte o riff de Hells Bells, do AC/DC, até hoje. Com a mesma emoção. Muito foda.

Sou um viciado em compilações desde os oito anos, quando ficava ao pé do mini system no quarto esperando músicas no rádio pra poder fazer uma edição ali, na hora, sem espaço pra errar...junções que tinham que ser o mais perfeitas possível..narração do cara da rádio, então, nem pensar! Minha primeira fita cassete: Jive Bunny & The Masters Mixers. Não tem motivo, eu gostava de rock dos anos 50 e 60, e a mixagem me parecia animada e bem feita.

Primeiro CD: Dookie, Green Day. 14 reais! Sim, reais, demorei pra comprar um CD...sinceramente, eu era um alheio à cena roqueira da época, me limitava ao alçapão dos anos 60, onde vivia tranquilamente e com muita satisfação. Mas, cedo ou tarde, o leque musical se abre e precisamos meter a mão no bolso pra escrever a nossa própria história. No meu caso, o segundo CD também é importante: Pulse, do Pink Floyd, comprado no Rio de Janeiro (sou de SP, antes que perguntem), numa loja minúscula no Barra Shopping. O lance da pilha que deixa a luz piscando me fascina até hoje. Comprar um CD sozinho era a minha emancipação musical, era poder dizer aos outros o que havia de novo que eles não conheciam.

Cresci num mix de alienação e alegria com a música, pois, sem o advento do mundo virtual, conhecia poucas pessoas que se interessavam pelo gênero. Pausa: quando falo em interesse, não estou aqui no papinho de ecléticos (outra discussão). Estou falando de gente com tempo e dinheiro pra gastar em música. Fast forward: aos 18 anos, pegava escondido o violão do meu pai - o DiGiorgio tinha o dobro da minha idade - e fingia que tocava. Após tirar o vestibular do caminho e me alistar na faculdade, iniciei meus anos de aula de guitarra, tive duas bandas, e conheci muitos loucos por rock n roll.

Alguns deles escrevem nesse blog. Outros virão opinar. E outros muitos loucos, esperamos, virão se apresentar e aumentar essa horda roqueira. Continuo a comprar CDs, a comprar Vinis, a baixar música, a fazer compilações e a tocar guitarra e violão.

Qual é a história que traz você, leitor, a esse mundo? Faça um esforço, você vai ganhar seu dia lembrando disso.

O CD do Neil Young segue rodando, a faixa agora é a Heart of Gold: "I want to live, I want to give, I´ve been a miner for a heart of gold." Todos envelhecemos, mas o espírito do velho rock segue até os últimos dias.

Vida longa ao Rock n´Debate.

Um comentário:

Diogo disse...

Neil Young! Quem me apresentou foi o meu padrinho, o Kbeça! Ele e sua coleção de vinils mudaram a minha vida e me aprofundaram no rock!
Bruno, não pude deixar esse teu post passar assim em branco! Abri uma Heineken (a ceva do rock) e coloquei um Crosby, Stills, Nash and Young na vitrola!