domingo, 12 de julho de 2009

Bilbao BBK Live 09

Bilbao, 10 de julho de 2009. Torcida para o dia acabar logo! Eu e o Marcelo saímos do trabalho voando para o maior festival de música que há na cidade, o BBK Live. Cada vez mais famoso, o festival já teve apresentações do Police, REM, Guns, Metallica, Red Hot Chili Peppers, entre outros.

3 dias de concertos. Como o tempo e a grana não chegam pra poder ver tudo ao vivo, decidimos ir na sexta feira. Organização perfeita: como é bom ir a um festival onde você leva cerca de 30 minutos para estar na porta, com direito a transporte gratuito organizado pela prefeitura! No final, é um esforço que gera mais vontade em todos de pagar e estar presente nos eventos culturais.

Ingresso comprado na hora, uma cerveja para comemorar. 6 horas de música, sem parar. Tocar ao vivo é como um jogo de Libertadores: não interessa quem você é, sempre pode se dar mal. Saber tocar num festival é coisa para poucas bandas.

Primeira parada: Babyshambles. Projeto do Pete Doherty, ex Libertines. Trio no palco, indie rock. Ou alguma coisa parecida. Lição número um: se você não tem potência para tocar em trio diante de milhares de pessoas, não o faça. O show ia passando, e eu me perguntava se eles não percebiam que volume alto não é garantia de show cheio. Resultado: o show acabou, e ninguém vai lembrar deles.

Corremos para o outro palco, pegamos um ótimo lugar para ver o Dave Matthews. Não escondo que sou fã, mas foi minha primeira experiência ao vivo com a banda. E não há nenhum comentário abaixo de excepcional. Lição número dois: clichê como só ela..quem sabe, faz ao vivo. Ou melhor, detona ao vivo. Foi uma aula de música...pessoal alucinado, músicos extremamente conscientes das suas funções, tocando com virtuosismo e alma misturados. Como é bom ver show deste nível! Rapidamente, me lembrei de um colega que sempre defende a música eletrônica. Nada contra aparatos modernos e DJs que mandam bem, mas ver o Carter Beauford solando na bateria é algo que nunca se conseguirá com botões e loops.

A terceira parada foi Chris Cornell. Show OK, um tanto melancólico. Todos os momentos altos vieram de canções do Soundgarden e do Audioslave. Pergunta aos leitores: até que ponto um artista do porte de Cornell deve se associar ao Timbaland para gravar um novo disco? Sei que é palatável, mas em termos roqueiros, é lixo. Não é ortodoxia, é a pura verdade. As músicas não tinham fôlego, tudo parecia um anúncio do game Guitar Hero, aquelas propagandas com poses, efeitos e gente tentando se passar por rock stars. Lição 3: se você faz pose e as suas músicas são meia boca, fãs antigos aproveitam o seu show para ir mijar e tomar outra cerveja. Foi o que eu fiz.

Semifinal: Kaiserchiefs. Show bom, mas ainda faltam hits de peso pra tomar de assalto um público desse tamanho. A definição que o Marcelo usou me parece perfeita: "a banda é esforçada". Sem dúvida, os caras têm um caminho bom pela frente, e valem a nossa atenção.

Finale: Jane´s Addiction. O modelito do vocalista já dava o tom glam da coisa: macacão vermelho colado no corpo, casaco preto e lenço no pescoço. Farrell, para os mais desavisados, tem tudo para ser um cara ridículo. O que nos traz à última lição: bandas boas de rock podem fazer o que quiser no palco, porque sabem que são boas. O show incendiou o público, e o volume estava no limite. Navarro simplesmente destruindo a guitarra, e Farrell chamando para ele toda a responsabilidade de poses, caras, e acessos de loucura possíveis. Extra: ele mandou uma garrafa inteira de vinho durante a apresentação. Ótimo show! Última lição: um bom frontman faz toda a diferença. O coquetel do Jane´s foi isso: esquizofrenia, alucinação e letras pesadas, tudo bem alto e bem performado.

Bilbao não é Londres nem Madrid, mas estão o festival está cada vez melhor, a caminho do mainstream.

2 comentários:

Diogo disse...

A banda de Dave Matthews é perfeita musicalmente! Carter Beauford é o melhor baterista da atualidade! Não vejo um cara tocar assim desde Bonham e Paice(que estão um nível acima do resto da humanidade)! O violão de Matthews, com suas passagens cheias de "quebradas" e extremamente difíceis de tocar, faz justiça a um excelente guitarrista! É uma bandaça!
Jane's Addiction foi outra banda muito boa com uma gravação antológica ao vivo de Jane Says que emenda com um cover de Sympathy for the Devil que é um "soco no estômago" de tão pegada, apesar de ser com violões e bongôs!
Cornell, na minha opinião, só funcionou com o Audioslave. Respeito quem gosta da fase Soundgarden, mas, não é a minha praia. Timbaland é de foder com a paciência de qualquer um!
Kaiser Chiefs conheço pouco, mas, concordo com o Bruno em dizer que eles tem futuro.
Quanto ao Babyshambles, me omito de fazer qualquer comentário. Pra mim, é a banda de um babaca metido a rockeiro que pegou só a parte das drogas e esqueceu que pra ser rockeiro, tem que fazer música e da boa!

Sds

Diogo

Marcelo disse...

O Bruno falou tudo. Festival que promete ser um dos grandes do verão europeu.
E eu que fui pra ver o Jane's Addiction, acabei de boca aberta com o Dave Matthews. Os caras são empolgantes ao vivo.
Do Jane's eu também gostei, o Dave Navarro é um puta rockeiro e segura o Perry Farrell (Renan amanhã) direitinho.
Fiquei frustrado com o Chris Cornell que fez um show burocrático e melancólico. Isso que o cara tem muita coisa boa no repertório, do Soundgarden, Audioslave e dos discos solo anteriores.

Escrevi esse comentário escutando esse "Live" dos Jane's que o Diogo falou, que em teoria é o primeiro da banda, de 1987.
Boa dica pra saber como foi o show.