quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Videogames e Música


Esse post ficou no congelador por um tempo. Achei que era preciso pensar, refletir e observar a realidade das coisas antes de opinar. Queria falar algo sobre os jogos de música, como o Guitar Hero e o Rock Band, mas precisava conhecer mais do assunto.

Trata-se da discussão a respeito dos jogos ajudarem o pessoal a partir para os instrumentos de verdade, ou perder tempo com instrumentos falsos. Desde já, adianto que tenho amigos músicos com opiniões opostas. Os músicos famosos também opinam: Jimmy Page, Prince e Jack White, por exemplo, não querem saber dos jogos, acham uma besteira. Paul McCartney deu o OK para o jogo dos Beatles, portanto adota a experiência musical como diversão.

Como guitarrista, eu tendo a querer falar só dos instrumentos reais. Claro que, de um ponto de vista de quem tem desejo de ingressar no mundo das aulas e teoria musical, partir pra coisa de verdade é algo simples de escolher.

Mas não é disso que estamos falando. E por isso discordo de toda essa birra das pessoas com os jogos. E em todas as dimensões possíveis. Em primeiro lugar, é um jogo, e é divertido, muito divertido. Quam ainda não testou, não sabe o que está perdendo. Iniciante ou avançado, alguma diversão você terá. Não me venham dizer que não é interessante empunhar a guita a la Slash e tocar November Rain no videogame.

Fora isso, é um "desvio" benéfico para o pessoal novo. Não nos esqueçamos que vivemos também no universo virtual hoje, e isso não é diferente com a música. Dentre os que têm os jogos, os que já têm um desejo pelos instrumentos reais. Já vi muito roqueiro dizendo que é babaquice, nos tempos deles era tudo real, experiência roqueirística pura. Ok, ok. Estão parecendo aquele avô rabugento, que vivia numa terra onde tudo era melhor. Nada mais chato!

Não pensem os senhores que não pesquisei os números. Encontrei um estudo da Fender, feito em novembro do ano passado com mais de 800 professores de guitarra. Notem bem que o estudo é de uma empresa de guitarras, os maiores preocupados em não vender seus produtos. Entretanto, o resultado aponta para a importância dos jogos no aumento da demanda por aulas, e numa curva de médio prazo. Dizem os instrutores que os jogos ajudam na transição para músicos reais. E isso é fantástico nos números: 50% das crianças que mencionam o jogo e querem aulas têm entre 8 e 10 anos. Assim, economicamente é um cenário também atrativo: maior demanda por professores, mais geração de renda, e mais venda de guitarras.

No fundo, o alavancador da história é que os jogos fazem a experiência musical explodir para muitos que não teriam essa vontade sem o Guitar Hero ou o Rock Band. E estes são muito mais numerosos do que os que deixam de querer aprender o instrumento para simplesmente jogar.

Entre torcer o nariz pros jogos e me divertir sem medo de ser feliz, sou muito mais a segunda opção. Sem mencionar que é algo que não volta atrás, ou seja, caras feias não extinguirão o mercado de video games. Sei lá..se deixar vão dizer que jogar GTA também não serve, tenho que virar um traficante de verdade. Tenho que ser da liga da NBA e só jogar basquete nas quadras...blá, blá, blá..

Guitar Hero e Rock Band contribuem com o rock, contribuem com a música tocada ao vivo, com os solos de que tanto gostamos. Simplesmente porque despertam a sensação de fazer música, e a canalizam para o mundo real.

Jack White, vai ver se eu tô na esquina e não enche o saco!

2 comentários:

Diogo disse...

Brilhantemente bem escrito! Sou um defensor desses tipos de jogos. Ajudam a difundir o rock n' roll e o desejo de se tornar um rockeiro de verdade e não um "poser" tocador de músicas emo-bichas! Quando for aos EUA comprarei o kit dos Beatles para tentar me sentir mais próximo de John, Ringo, George e Paul! Bem como tu disseses, Jack White, Blow Me!

Renan Pinto disse...

Muito bom! Joguei esses jogos de guitarra e outros instrumentos na casa de um amigo. A minha primeira conclusao se refere ao servico de utilidade pública que estes video-games estao fazendo ao rock n' roll, pois grandes clássicos do nosso estilo estao sendo escutados por criancas. Minha segunda conclusao concorda com os argumentos do Bruno e da Fender: mais guitarras na praca!
Só sei que no final da noite, na casa do meu amigo, eu estava soltando a voz, cantando More Than a Feeling do Boston, achando que eu era o já falecido Brad Delp!